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Wilson: “Só tem um problema, o preconceito” from Ampliando Voces on Vimeo.
Eu comecei a estudar, depois eu arrumei um emprego e, quando eu comecei a trabalhar a tarde, não teve como continuar a estudar. Eu estudava e parava. Vinha durante as minhas folgas. Até que eu disse à professora que queria desistir, por causa do horário. Aí eu voltei a mudar o horário. Eu quis voltar a estudar de novo para não ficar parado. Algumas pessoas me perguntam: ‘você sabe ler?’. Eu não sei ler mesmo. Por isso voltei a estudar.(…) Não estudei porque meu pai não tinha achado vaga quando eu era pequeno. Só veio procurar vaga depois que eu era grande. A importância de estudar é aprender a ler, escrever direito. Eu escrevo bem, mas nem tanto.
(…) Para mim só tem um problema: juntar com as outras pessoas. Como se diz, o preconceito. As pessoas dizem: ‘ah, não sabe ler’. Eu sinto vergonha disso. A pessoa pede ‘leia isso para mim’. Eu não leio porque eu não sei, mas as pessoas ficam insistindo. Eu não gosto de ficar tentando querer a ler.
(…) A escola onde estudo agora, ela ensina, chama o aluno para juntar as palavras, para escrever. A professora ensina e pergunta se a gente está tentando. Eu digo que não. Ela vem até a mesa, fala com a gente. Pede que a gente abra o caderno em tal lugar. Eu mostro para ela onde está o erro. Ela vai e corrige na lousa. Eu gosto da professora que vem no nosso lugar, pra olhar se a lição está certa. Tem professoras que nem olham na nossa cara. Lá mesmo onde elas estão, ficam.
(…) Eu não vou parar de estudar mais.
Wilson Aparecido de Lelis, 29 anos, São Paulo, Brasil, 2011.
ENGLISH TRANSLATION:
I started studying, then I got a job, and when I started working in the afternoons it was impossible to go continue studying. I would go to school, and then quit again. I would go to school only on my days off, and one day I came to the teacher and said that I wanted to quit because of my schedule. Then I changed my schedule. I wanted to come to back to school because I needed education. Some people would ask me: ‘can you read?’. I can’t. That’s why I came back to school.
(…) I did not go to school because my father couldn’t get a spot there when I was a young kid. He only sought for a spot again when I was older. The importance of going to school is learning how to read and write properly. I can write, but not very well.
(…) There’s only one problem for me: getting together with other people. As they say: the prejudice. People say: ‘ow, you can’t read. I’m ashamed of that. Someone says ‘please, read that for me’. I don’t read because I can’t, but they insist. I don’t like to keep trying to read.
(…) The school I attend now teaches you, it makes the student to put words together, and write. The teacher teaches and asks if we are trying. I say I don’t, and then she comes to me, and gives me attention. She asks us to open our notebooks in a certain section. I show her where the error is, then she goes to the blackboard and corrects it. I like when the teacher comes to me to say if my lessons are correct. There are teachers who don’t even look at your face. They always stay where they are.
(…) I will never quit school again.
Wilson Aparecido de Lelis, 29 years old, São Paulo, Brazil, 2011.