“Me sentía desalentada, varias veces pensé en abandonar los estudios. Durante casi cuatro años en prisión, vi que muchas alumnas terminaron sus estudios y ni siquiera sabían escribir correctamente sus nombres.” Lea el testimonio completo a continuación.
C.R.
Fonte: YAMAMOTO, Aline et al. Cereja discute: educação em prisões. São Paulo: AlfaSol, 2010.
Lea el testimonio completo a continuación (en português):
C.R.: “Existem muitas presas que desejam, sim, estudar, aprender e crescer”
Me sentia desencorajada, por várias vezes pensei em desistir de estudar. Durante quase quatro anos na prisão, vi muitas alunas concluírem seus estudos e sem nem sequer saber escrever corretamente seus nomes.
E muitos dizem que existe reeducação no presídio, mas só existe mesmo para aqueles que batalham muito, pois incentivo à educação de verdade neste lugar não existe.
Algo que me intriga muito é o fato de as aulas durarem uma hora ou duas apenas, sem livros, sem apostilas, sem organização, sem respeito. Sendo que existem muitas presas que desejam, sim, estudar, aprender e crescer, mas em várias situações são criticadas e humilhadas. Eu mesma já fui motivo de risada de agentes da unidade que diziam não acreditar que eu iria para a escola estudar.
Eu morei numa cela com uma senhora com mais de 60 anos que era analfabeta. Ela já estava presa há uns seis anos e sempre foi à escola. Muitas vezes ela voltava para a cela com os olhos cheios de lágrimas e se sentindo triste e humilhada por ser analfabeta. Nesse momento eu decidi ensiná-la, e todos os dias, quando voltávamos para a cela à noite, eu a ensinava com muita paciência o que ela deveria aprender na escola: ler e escrever. Nem acreditei que aquela senhora aprendeu muito mais comigo, em seis meses, o que não havia aprendido em seis anos. Hoje ela consegue até mesmo escrever uma cartinha para suas filhas.
C. R.
Fonte: YAMAMOTO, Aline et al. Cereja discute: educação em prisões. São Paulo: AlfaSol, 2010.